PARALELOGRAMO
TEXTO DA CURADORIA
Paralelogramo:
exposição de Fabricius Nery
“Eu sou tudo o que
foi, tudo o que é, e tudo o que será, e meu véu, nenhum mortal ainda o
suspendeu”. (Plutarco)
O título da exposição
de Fabricius Nery, “Paralelogramo”, já indica a área de interesse de sua poética.
Esquadrinhar formas, figuras e cores, eis o caminho adotado pelo artista. Pintura
de formas que anseiam pela geometrização, que une uma vontade arquitetônica de
construção à prática do corte cinematográfico, buscando desnaturalizar a figura
e impondo a necessidade da montagem da realidade, numa narrativa sempre sob
suspeita, pelos olhos do expectador.
Se nas suas telas como um todo existe uma sucessão de fragmentos, não
deixando o artista de trazer o corte para dentro do próprio desenho de cada
parte da sua pintura. Tanto que até as cores existem aos pedaços, por vezes dinamizando
as figuras, ampliando as formas geométricas e criando uma impossibilidade de
descrição do real no resultado final da composição.
Para Fabricius Nery, a ideia de construção supera o desejo de expressão.
As imagens são pensadas e criadas dentro de um procedimento que se inscreve na
tradição construtiva da pintura (Cézanne, Picasso, Léger, Malevitch) e de uma
ironia e uso de cores próximas à pop arte. Ainda pode-se pensar nas deformações
das figuras como uma relação de admiração pelos artistas Francis Bacon e Egas
Francisco, de importância decisiva para Fabricius, que do último aprendeu a abandonar
a descrição objetiva do real e a desnaturalização da figura humana.
Apesar desta saudável dívida com a tradição, um caminho pessoal se
advinha nas suas pinturas. A correlação entre o orgânico e o geométrico é um
campo novo de exploração plástica onde Fabricius tem mostrado grande desenvoltura.
Sua pintura revela o sentido do mundo contemporâneo, aquele que diz que
a realidade só pode ser entendida por seus fragmentos e que o sentido que
atribuímos à realidade não passa de uma sucessão de pedaços que montamos
segundo nosso desejo.
(Jardel Dias Cavalcanti – Dr. em História da Arte pela Unicamp e Prof.
de História da Arte e Crítica de Arte da Universidade Estadual de Londrina-
UEL)
FOTOS DA ABERTURA DA EXPOSIÇÃO
Leandro Rocha, Jardel Cavalcanti (curador), Renata Strazzacappa,
Egas Francisco, Fabricius Nery
Fabricius, Julio e Eva (da Galeria Antigo e Moderno)
Fabricius montando a exposição
Texto do curador
Texto do Egas Francisco para a exposição
Renata Barone, Egas e Rose
Obra do artista convidado: Gomes Heleno:
Obra da artista convidada da exposição: Kate Manhães
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